Prof. Cristovão Duarte
PROURB/FAU-UFRJ
O Projeto “Porto
Maravilha” (que de maravilha não tem nada) é um caso exemplar do autoritarismo
e da falta de participação da sociedade nas decisões tomadas pela atual Prefeitura
da cidade do Rio de Janeiro. Entre as propostas de intervenção em andamento,
destacam-se: a demolição do Elevado da Perimetral com a remoção da estrutura
existente; a transformação da Avenida Rodrigues Alves, localizada sob o
elevado, em via expressa com três faixas de rolamento por sentido que representará
uma barreira de difícil transposição para os pedestres (a via expressa se
ligará, a partir do Armazém 5, com um túnel subterrâneo com cerca de 1.500 metros de
extensão); o Projeto prevê ainda a construção de outros três túneis e
alargamento de várias ruas da malha urbana existente para absorver parte do
volume de tráfego do elevado (acarretando a eliminação parcial do traçado
urbano original e o desaparecimento de galpões industriais, armazéns portuários
e outras edificações que compõem, como registros documentais que são, a memória
urbana da zona portuária); a pretendida “revitalização urbanística” se completa
com a liberação do gabarito e a alteração do zoneamento da área abrangida, permitindo
a construção de torres isoladas em centro de terreno, com alturas de 30, 40 e
50 andares (verdadeiros enclaves condominiais privados). Para tanto, foi
aprovada a criação virtual de área adicional de construção de 4 milhões de m2,
através da emissão e venda de Certificados de Potencial Adicional de Construção
– CEPACs).
A simples enunciação de
tais propostas permite evidenciar a lógica comercial que preside a concepção do
Projeto “Porto Maravilha” e que se insinua como um verdadeiro desastre urbanístico
e ambiental, repetindo modelos já testados no passado e cujos resultados não se
mostraram acertados ou satisfatórios.
Trata-se da reedição de empreendimentos
imobiliários de caráter especulativo, baseados em soluções rodoviaristas, sem
qualquer alteração significativa no paradigma da mobilidade urbana atual, que
objetiva assegurar a melhor condição possível para a circulação de veículos e
não das pessoas. Mais uma vez o privilégio será dos automóveis em detrimento
das pessoas.
Registre-se aqui que em
2010 uma equipe formada por alunos e professores da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da UFRJ apresentou à Prefeitura um projeto alternativo propondo a
utilização do Elevado da Perimetral como suporte para a implantação de um
transporte coletivo sobre trilhos (monotrilho ou monorail). O novo modal
ligaria o aeroporto Santos Dumont ao Tom Jobim (passando pela Ilha do Fundão),
coincidindo assim com o trajeto planejado há mais de 30 anos para a Linha 5 do
Metrô Carioca.
Conforme indicado nas
imagens abaixo, apenas o monotrilho circularia pelo Elevado da Perimetral, transformada
em um parque urbano linear e símbolo de uma cidade comprometida com o
desenvolvimento urbano sustentável. O custo estimado para a implantação do monotrilho
equivaleria ao custo previsto para a demolição do elevado. Trata-se de uma
solução técnica e economicamente viável e, sobretudo, ambientalmente
responsável, já que prioriza a utilização de um transporte sobre trilhos (não
poluente) e aposta na redução da presença do transporte individual no centro da
cidade.
Infelizmente o projeto,
não obstante os elogios recebidos, foi rapidamente engavetado e esquecido!
Assim caminha a Cidade Olímpica...
.............
As imagens ilustrativas
apresentadas foram elaboradas pelos alunos da FAU-UFRJ Pedro Toledo, Sérgio
Fontes e Vitor Damasceno, sob a orientação dos professores Alexandre Pessoa,
Cristovão Duarte, Guilherme Lassance e Ivete Farah.
Cristóvão Duarte - Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (1983), mestrado em Urbanismo
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997) e doutorado em
Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (2002). Foi técnico do IPHAN (1986-2005) e Superintendente
Regional do IPHAN para os estados do Pará e Amapá. Foi professor da
Universidade da Amazônia (1988-2005). É professor adjunto da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo exercido o cargo de
Diretor Adjunto de Extensão da FAU-UFRJ (2006-2010). Atualmente é
professor do Departamento de Urbanismo e Meio Ambiente e do Programa de
Pós-Graduação em Urbanismo da FAU-UFRJ, exercendo os cargos de
Coordenador do Atelier Integrado 2 da FAU-UFRJ e Vice-Coordenador do
Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística. Autor do livro Forma e
Movimento (Rio de Janeiro: Vianna & Mosley: Ed. PROURB, 2006) e
co-organizador do livro Favela&Cidade (Napoli: Giannini Editore,
2008). Mantém blog com textos e videos sobre a cidade contemporânea: http://cristovao1.wordpress.com/
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